Daniel BuenoEventos históricos como comércio, invasões, migrações e escravatura são fontes de miscigenação entre os povos e deixam cicatrizes genéticas. Pensando nisso, um grupo de pesquisadores do Reino Unido e da Alemanha conseguiu desenvolver um método estatístico que se utiliza das informações contidas nos fragmentos de DNA típicos de cada população. Esses fragmentos se tornam cada vez menores com o passar das gerações, por causa da recombinação entre os materiais genéticos de origem paterna e materna, o que permite acrescentar uma estimativa de tempo à genealogia traçada com base nesses trechos. A técnica permitiu a construção de um atlas da história da miscigenação humana, disponível no site. Por volta de uma centena de eventos ocorridos nos últimos 4 mil anos encontra explicação nos registros históricos, enquanto muitos outros ainda precisam ser investigados. Um exemplo é a entrada de DNA africano em populações do sul do Mediterrâneo e do Oriente Médio entre os anos 650 e 1900, o que pode coincidir com o tráfico de escravos iniciado no século VII. Estão no mapa as tribos Suruí e Karitiana, de Rondônia, nas quais não foram detectados indícios fortes de miscigenação. O trabalho, publicado na revista Science em 14 de fevereiro, fornece uma nova fonte de informação para historiadores.
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