Os nordestinos e os mineiros são os que mais morrem de doenças isquêmicas do coração – infarto e angina – no Estado de São Paulo, de acordo com um estudo de Luiz Francisco Marcopito, epidemiologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado na Revista de Saúde Pública. De 3,2 milhões de declarações de óbitos de pessoas com mais de 20 anos que faleceram entre 1979 e 1998, ele selecionou 426.033, da-quelas que haviam morrido por causa de doenças isquêmicas. E 38,7% referiam-se a migrantes, dos quais 12,8% haviam nascido na região Nordeste e 10,6% em Minas Gerais, enquanto 4,2% eram nativos dos demais estados.
Em alguns casos, há uma inversão em relação à participação relativa de cada grupo na população paulista. Em 2000, a população era de 37 milhões de habitantes, dois quais 75,2% de nascidos no próprio estado e 24,8% eram de outros estados ou países; no conjunto de não nativos, havia mineiros (20,7%), baianos (19,7%) e paranaenses (12,9%). No estudo da Unifesp, os nordestinos também morreram mais cedo, com mediana (valor que separa os dados observados em duas metades) de 64 anos de idade.
Os mineiros morreram com 67 anos e os paulistas nativos, com 69 – todos distantes da mediana de idade de morte dos imigrantes (europeus ocidentais, 78 anos; europeus do Leste, 80; e japoneses, 82 anos). Marcopito atribui a maior mortalidade entre os migrantes ao tipo de alimentação, rica em óleos e gorduras saturadas. Já os imigrantes formavam um grupo responsável por 11,3% das mortes causadas por infarto e angina. “Os estrangeiros falecidos devem ser os remanescentes da grande onda de imigração para o estado ocorrida no passado”, diz ele.
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