O saxofonista norte-americano John Coltrane recheava suas melodias de jazz com notas agudas e cortantes, que apenas bons músicos profissionais conseguem repetir. Os físicos Jer Ming Chen, John Smith e Joe Wolfe, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, descobriram por quê. Eles desenvolveram um equipamento que, acoplado ao bocal dos instrumentos de sopro, permite medir como a boca, a mandíbula, a língua, a glote, a faringe e a laringe influenciam a produção do som. Analisaram melodias tocadas por oito saxofonistas (cinco profissionais e três amadores) e constataram que o trato vocal não influencia muito as notas graves. Observaram, porém, que os saxofonistas profissionais usavam seu aparelho vocal para produzir as notas muito agudas, situadas numa faixa chamada altíssima, que não eram tocadas pelos amadores. Com esses resultados, publicados na Science, os físicos esperam ter colocado um ponto final a duas décadas e meia de discussões sobre a interferência do aparelho vocal para tocar instrumentos de sopro. Agora eles pretendem repetir os testes com clarinetas e outros instrumentos. Esperam encontrar resultados semelhantes.
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