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Reconhecimento

Nature escolhe Ricardo Galvão como uma das 10 personalidades da ciência em 2019

Físico do Inpe chamou a atenção ao refutar críticas do presidente Jair Bolsonaro a dados sobre desmatamento da Amazônia

Waldemir Barreto/Agência Senado Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe, exonerado após rebater críticas de BolsonaroWaldemir Barreto/Agência Senado

O físico brasileiro Ricardo Magnus Osório Galvão integra a lista elaborada pela revista Nature das 10 personalidades importantes para a ciência em 2019. Ele chamou a atenção da comunidade científica internacional em meados do ano entrar em confronto com o presidente Jair Bolsonaro. No centro da disputa estavam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento na Amazônia brasileira.

No início de julho, o Inpe, então dirigido por Galvão, havia apresentado dados preliminares indicando que a taxa de desflorestamento em junho de 2019 era 88% maior que a de junho de 2018 (ver Pesquisa FAPESP nº 283). Bolsonaro afirmou que os dados não condiziam com a realidade e chegou a sugerir que o diretor do instituto estaria “a serviço de alguma ONG”. Galvão rebateu os questionamentos e garantiu que os dados do Inpe eram “cientificamente sólidos”. Foi exonerado do cargo em 7 de agosto.

Além de Galvão, integram a lista da Nature a ecóloga Sandra Díaz, coordenadora do levantamento da biodiversidade do planeta; a ativista Greta Thunberg, que chamou a atenção do mundo para as mudanças climáticas; e a astrofísica canadense Victoria Kaspi, responsável por aprimorar um telescópio para detectar um tipo misterioso de radiação celeste.

Estão ainda entre os 10 selecionados, o neurocientista Nenad Sestan, que reviveu por instantes o cérebro de porcos; o microbiologista Jean-Jacques Muyembe Tamfum, líder do combate ao surto de ebola na República Democrática do Congo; o biólogo Hongkui Deng, coordenador do primeiro estudo publicado que tratou seres humanos com células geneticamente alteradas pela técnica CRISPR; o paleontólogo Yohannes Haile-Selassie, descobridor de um crânio de Australopithecus anamensis de 3,8 milhões de anos; o físico John Martinis, líder do grupo criador de um computador quântico que realizou pela primeira vez cálculos mais rapidamente que um convencional; e a bioética Wendy Rogers, autora de trabalho que indicou, na China, órgãos transplantados que podem ter sido retirados sem o aval dos doadores.

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