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Genômica

Nova conquista da ONSA

Equipe de bioinformática paulista conclui o disputado genoma da Agrobacterium

Dois grupos independentes – um deles com a participação de pesquisadores da equipe de bioinformática da rede ONSA, criada pela FAPESP – anunciaram a conclusão do seqüenciamento do genoma de uma das bactérias mais empregadas em engenharia genética, a Agrobacterium tumefaciens, que apresenta mecanismos naturais de transferência de genes para plantas, nas quais causa a doença chamada galha da coroa. Acredita-se que o conhecimento sobre o genoma facilite a pesquisa de vegetais transgênicos.

Uma das equipes, formada pela Du Pont e Universidade de Washington, ambas dos Estados Unidos, com participação de pesquisadores do Laboratório de Bioinformática (LBI) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), liberou no dia 14 de agosto as informações sobre esse genoma na página da Internet www.agrobacterium.org, um dos resultados do financiamento de US$ 900 mil da National Science Foundation e de R$ 91.148,68 da FAPESP, na forma de bolsa de pós-doutorado no exterior. O LBI montou o banco de dados do genoma e, na etapa de anotação (interpretação), empregou programas desenvolvidos pelo próprio laboratório.

No mesmo dia, a Monsanto, que contou com a colaboração dos pesquisadores da Universidade de Richmond, anunciou o depósito das seqüências no GenBank, um banco internacional de genomas. As duas equipes correm agora para publicar antes da outra o artigo científico com as descobertas, que marcaria o pioneirismo sobre o trabalho. O genoma da Agrobacterium tem 5,6 milhões de pares de bases, com dois cromossomos e duas seqüências menores, os plasmídeos. “Um dos cromossomos é linear e não circular, algo bastante raro entre as bactérias”, comenta João Carlos Setúbal, um dos coordenadores do LBI, que permanece até dezembro como professor visitante na Universidade de Washington.

Análises preliminares indicam semelhanças genéticas acentuadas entre a Agrobacterium e duas bactérias não-patogênicas, a Sinorhizobium meliloti e a Mesorhizobium loti, que vivem dentro de plantas. “A colaboração com a Universidade de Washington, via Setúbal, foi perfeita”, diz João Paulo Kitajima, também coordenador do LBI.

Praga mundial, a Agrobacterium ataca videiras, tomateiros, roseiras, pessegueiros e caquizeiros, entre outras. Após transferir seus genes para o genoma da planta, as células vegetais crescem desordenadamente e se formam as galhas (tumores), normalmente na coroa (junção do tronco com a raiz) ou na própria raiz. Os nutrientes vão para essas regiões e as plantas definham até morrer.

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