Em 2015, o pesquisador Hudson Wallace Pereira de Carvalho, professor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), obteve recursos da FAPESP, na modalidade de apoio Equipamento Multiusuário (EMU), para a compra de um sistema de microanálise por fluorescência de raios X.
O equipamento de alto custo foi fundamental para o desenvolvimento de um projeto em que Carvalho investigou como as plantas metabolizam nanomateriais encontrados em fertilizantes. Também tem sido usado por pesquisadores de outras instituições, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e a Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Hoje, recebemos desde alunos de pós-graduação em odontologia, interessados em verificar a absorção de materiais existentes em próteses dentárias, até pesquisadores da indústria de fertilizantes”, conta Carvalho, que graças ao aparelho firmou parcerias no Brasil e no exterior.
Para facilitar o acesso aos equipamentos multiusuários distribuídos pelas diversas universidades e institutos de pesquisa no estado de São Paulo, a FAPESP criou uma página que permite localizá-los de acordo com uma classificação de três níveis e com foco no objeto de uso da máquina.
“Havia uma dificuldade para encontrar os equipamentos disponíveis e contatar quem faz o agendamento. O site vai ajudar bastante nesse sentido. Quando há mais de um equipamento, o usuário pode comparar a distância, o valor da taxa, a disponibilidade e assim por diante”, diz Luiz Nunes de Oliveira, membro da Coordenação Adjunta para Programas Especiais e Colaborações em Pesquisa da FAPESP.
O site parte de uma classificação em seis grandes categorias. Cada uma delas pode ser expandida, revelando subcategorias. O interessado pode ainda alimentar o campo de buscas com termos que identifiquem o equipamento ou a técnica ou preencher o quadro de palavras-chave.
“Uma classificação por área, como biologia, química, física e assim por diante, não seria tão efetiva. Um microscópio, por exemplo, pode ser usado na química, na biologia, na engenharia. Por isso adaptamos uma taxonomia criada pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, e utilizada por um conjunto de oito universidades britânicas que compartilham seus equipamentos”, informa Watson Loh, coordenador-adjunto de EMU da FAPESP.
Quando o pesquisador acessa a página do equipamento, há um campo com o site em que pode ser feito o agendamento. Um exemplo é o endereço agendamentormn.iqm.unicamp.br/Web, que permite agendar o tempo para uso do equipamento de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) instalado no Instituto de Química da Unicamp.
O professor Claudio Francisco Tormena, responsável pelo pedido, usa entre 5% e 10% do tempo do aparelho, concedido em 2017. Nas demais horas, pesquisadores da Unicamp e de outras instituições utilizam o equipamento de RMN, que funciona até durante as madrugadas e fins de semana, com capacidade para analisar 16 amostras em sequência de forma automática. Isso faz com que ele tenha uma taxa de uso de 80% do tempo.
Uso racional
A ideia por trás do programa EMU é a criação de um verdadeiro parque de equipamentos multiusuários distribuído pelo estado de São Paulo. Até 1999, a maioria desses aparelhos era obtida por meio de auxílios à pesquisa na modalidade Auxílio à Pesquisa Regular, de até três anos.
Em 2004, houve a primeira chamada específica para os EMU, que permitiu mapear as principais demandas da comunidade científica do estado. Cinco anos depois, a segunda chamada teve como prioridade o financiamento de equipamentos em espaços operados por instituições que fossem disponibilizados para outros pesquisadores.
Desde 2014, os equipamentos devem ser solicitados separadamente por responsáveis por projetos de maior duração, como Temático e Jovem Pesquisador, quando indispensáveis para desenvolver a pesquisa proposta nos projetos. Outra forma de obter equipamentos dessa natureza é solicitar a compra nas aplicações da Reserva Técnica Institucional.
Também a partir de 2014 as normas para concessão de apoio para a aquisição de equipamentos de médio e grande porte, no âmbito do EMU, passaram a exigir que o pesquisador contemplado compartilhasse a máquina com outros pesquisadores, da academia ou da indústria. Além disso, a instituição em que se localiza o EMU deve responsabilizar-se pela manutenção do equipamento por sete anos, comprometer-se com a contratação de técnicos para sua operação e criar uma política de uso.
“O interesse da FAPESP é que esses equipamentos sejam utilizados por toda a comunidade científica. Quanto mais horas eles permanecerem em uso, os recursos investidos pela Fundação serão mais bem aproveitados. Além disso, o compartilhamento permite a geração de recursos que financiam a manutenção do equipamento, a compra de reagentes e o pagamento dos técnicos que o operam”, diz Loh.
Atualmente, os investimentos em EMU giram em torno de R$ 50 milhões por ano. Há cerca de 700 equipamentos concedidos na modalidade. Os aparelhos disponíveis para compartilhamento são listados na nova página dos Equipamentos Multiusuários hospedada na Biblioteca Virtual da FAPESP: bv.fapesp.br/pt/equipamentos_multiusuarios. Sugestões relacionadas ao funcionamento da página podem ser encaminhadas para Luiz Nunes em lnunes@fapesp.br.
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