Um osso fóssil de coluna vertebral encontrado no norte do Maranhão tirou da Argentina o posto de berço dos saltassaurinos, dinossauros herbívoros com cauda e pescoço longos e cerca de 8 metros de comprimento – um grupo de titanossauros considerados anões diante dos demais membros dessa família, com animais de até 30 metros. A vértebra tem cerca de 14 centímetros de comprimento por 12 centímetros de largura e uma idade estimada em 95 milhões de anos.
Os paleontólogos acreditam que, nessa época, o Maranhão tivesse clima predominantemente árido ou semi-árido, mas fosse recoberto, nas regiões próximas aos rios, por florestas de coníferas semelhantes a araucárias, samambaias com porte de árvores e plantas primitivas que lembram superficialmente o bambu, os equisetos. A análise do fóssil, realizada pelo paleontólogo Manuel Alfredo Medeiros, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mostra que o saltassaurino maranhense não apenas é cerca de 20 milhões de anos mais antigo que os exemplares argentinos, descobertos ao longo das últimas duas décadas na região norte do país vizinho, em Salta (daí o nome saltassaurino, ou lagarto de Salta) e em parte da Patagônia.
Trata-se também de uma nova espécie – ainda sem nome definido – que Medeiros e outro paleontólogo brasileiro, Ismar Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estão descrevendo. Ao que tudo indica, o fóssil brasileiro pertence a um ancestral dos dinossauros anões da Argentina. “Com base nos dados disponíveis até o momento, supomos que os saltassaurinos tenham surgido no norte do Brasil e depois se espalhado para o restante da América do Sul”, comenta Medeiros.
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