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difusão

O Biota vai à escola

Conferências levarão conhecimento sobre biodiversidade a alunos e professores do ensino médio

Giusepp e Bizzarri/Folhapress Exposição Biomas do Brasil, apresentada na Conferência Rio+20, em junho de 2012: a ideia é levar a mostra sobre biodiversidade a vários municípiosGiusepp e Bizzarri/Folhapress

A educação será o principal foco, no ano de 2013, do Biota-FAPESP, programa de pesquisa sobre a biodiversidade do estado de São Paulo iniciado em 1999. Um encontro que reuniu as lideranças do programa na sede da FAPESP, no final de novembro passado, anunciou um conjunto de ações de pesquisa e de difusão do conhecimento a serem executadas ao longo deste ano, entre as quais um ciclo de conferências gratuitas voltadas a professores e estudantes do ensino médio. Estão programados ainda o relançamento de uma exposição sobre biomas brasileiros e a produção de material didático e de apoio sobre a biodiversidade. “Desde que foi renovado o apoio da FAPESP ao programa, em 2009, a questão da educação se tornou prioridade em nosso plano estratégico”, disse Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Biota-FAPESP.

O Biota-FAPESP (Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo) envolve cerca de 1.200 profissionais de várias áreas, todos dedicados ao estudo da taxonomia, fisiologia de paisagens, mapeamento de biomas, conhecimento químico-biológico e uso sustentável da biodiversidade paulista. Em sua primeira década de existência, obteve R$ 82 milhões em investimentos da FAPESP, promoveu mais de uma centena de projetos de pesquisa e gerou avanços no conhecimento, como a identificação de 1.766 espécies (1.109 microrganismos, 564 invertebrados e 93 vertebrados), 640 produtos naturais registrados numa base de dados, além da publicação de mais de 1.145 artigos científicos, 20 livros, 2 atlas e diversos mapas que passaram a orientar políticas públicas. Também formou 190 mestres, 120 doutores e 86 pós-doutores. Atualmente o estado de São Paulo possui seis decretos governamentais e 13 resoluções que citam as orientações do programa. As 10 patentes depositadas por pesquisadores do BIOprospecTA, a rede Biota de Bioprospecção e Bioensaios, mostram que o programa também buscou a parceria com o setor produtivo.

MCPIFicou faltando, contudo, um trabalho mais intenso na difusão do conhecimento gerado para os cidadãos e especialmente para os jovens estudantes, que agora será alvo do programa. “A precariedade do ensino de ciências no Brasil é preocupante e o Biota-FAPESP, sendo um programa de pesquisa consolidado, tem uma vocação natural para ajudar na formação dos nossos estudantes de ensino médio”, disse a professora Vanderlan Bolzani, do Instituto de Química da Unesp em Araraquara e membro da coordenação do Biota-FAPESP. “Como cientistas, temos uma grande responsabilidade com a sociedade e o país e acredito que é nossa missão criar ações que motivem as crianças e os adolescentes a ver o conhecimento científico não como uma obrigação curricular, mas como instrumento fascinante de descoberta do mundo em que vivem”, afirmou. A experiência de Vanderlan com a série de conferências sobre o Ano Internacional da Química, em 2011, em parceria com Pesquisa FAPESP, serviu de estímulo à ideia (ver Especial Ano Internacional da Química – fevereiro de 2012).

Serão nove as conferências gratuitas voltadas a professores e estudantes programadas para 2013. Elas vão apresentar conceitos e valores relativos à área de biodiversidade com o objetivo de apresentar o estado da arte sobre biodiversidade em linguagem compreensível a um público heterogêneo. As palestras serão gravadas e o conteúdo ficará disponível no portal do Biota e no portal da FAPESP. Outra ideia é adaptar uma exposição sobre os biomas do Brasil, que fez parte da Conferência Rio+20. A mostra deverá percorrer a capital paulista e cidades do interior.

MCPIEditais para pesquisas
No encontro que anunciou as estratégias do Biota-FAPESP para 2013, uma proposta de edital para a chamada de pesquisas sobre educação e biodiversidade foi apresentada pela professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Martha Marandino e por Érica Speglich, professora da Unesp Rio Claro. A chamada deverá ser anunciada neste início de ano. O objetivo é estimular o desenvolvimento de projetos em educação e comunicação que dialoguem com a base de dados do Biota-FAPESP.

Outras duas chamadas de propostas devem ser anunciadas, segundo informou Joly. Uma delas será em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e deve trabalhar com cenários de conservação da biodiversidade em áreas prioritárias para as próximas décadas. “Foi uma demanda da secretaria para planejar o desenvolvimento do estado levando em conta os impactos da expansão das cidades, da rede de infraestruturas – especialmente estradas, dutos e linhas de transmissão – e do agrobusiness sobre áreas consideradas prioritárias para conservação”, disse Joly. A outra chamada ocorrerá em parceria com um projeto financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) para restaurar a biodiversidade e os estoques de carbono na bacia do rio Paraíba do Sul. “Idealmente, gostaríamos de reconectar a serra do Mar com a serra da Mantiqueira, restabelecendo importantes corredores biológicos. Isto será feito de forma a também aumentar a estabilidade de encostas, reduzindo o risco de deslizamentos, e proteger nascentes e cursos d’água, aumentando a disponibilidade e melhorando a qualidade dos recursos hídricos”, afirmou Joly.

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