O formato do corpo devia ter um quê de tubarão, mas a mandíbula não deixava dúvidas: o predador, um crocodilo, era capaz de devorar presas de tamanho considerável. A partir de um fóssil incompleto encontrado na Inglaterra, paleontólogos britânicos, americanos e o brasileiro Marco Brandalise, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), descreveram um novo gênero e espécie de crocodilo marinho extinto. O Tyrannoneustes lythrodectikos, nome científico dado ao animal que significa “nadador tirano de mordida sangrenta”, viveu há 165 milhões de anos (Journal of Systematic Paleontology, janeiro de 2013). “Ele deve ter sido o crocodilo marinho mais feroz em seu ambiente”, diz Brandalise, que participou da análise dos dentes do fóssil. O espécime descoberto media mais de três metros de comprimento, tinha dentes robustos que eram bons (mas não ótimos) para cortar, perfurar e esmagar suas presas. Podia engolir peixes menores, moluscos e estraçalhar em pequenos pedaços répteis marinhos e até tubarões. Segundo Brandalise, não é possível fazer uma reconstrução precisa de como era a nova espécie de crocodilo, visto que o material fóssil resgatado se limitava a uma grande mandíbula, uma parte do esqueleto pós-cranial e alguns dentes pontudos e serrilhados. No entanto, os pesquisadores acreditam que ele era bastante semelhante aos crocodilos do gênero extinto Geosaurus, que também viveram na Europa e surgiram de 5 a 10 milhões de anos depois do Tyrannoneustes.
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