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Boas práticas

O fim da linha

A empresa biofarmacêutica Cassava Sciences, dos Estados Unidos, anunciou que sua grande promessa para tratar a doença de Alzheimer, o medicamento experimental simufilam, foi reprovado na etapa final do ensaio clínico. O fármaco, ao contrário do que se esperava, não conseguiu neutralizar as alterações em proteínas no cérebro associadas à eclosão da doença. Os voluntários que tomaram o composto não tiveram desempenho melhor em atividades cognitivas do que os que receberam um placebo.

O fracasso coloca um ponto-final na trajetória de uma droga marcada por controvérsias. Em 2022, a revista PLOS ONE havia retratado cinco artigos do neurocientista Hoau-Yan Wang, da City University de Nova York, um dos descobridores do composto. Dois dos papers, assinados também por Lindsay H. Burns, cientista-chefe da Cassava Sciences, tratavam da proteína-alvo do simufilam. Wang teve seu trabalho avaliado por um painel universitário que apontou “má conduta flagrante” associada ao seu trabalho para a Cassava.

A revista Science revelou que a Food and Drug Administration, que regula o comércio de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, encontrou falhas em procedimentos laboratoriais de Wang em um estudo com simufilam. Ele foi indiciado em junho por fraudar os Institutos Nacionais de Saúde, principal agência de fomento à pesquisa biomédica do país, em aproximadamente US$ 16 milhões, o equivalente a R$ 96 milhões. Há dois meses, a Cassava Sciences concordou em pagar US$ 40 milhões à Comissão de Valores Mobiliários norte-americana depois de ter sido acusada de enganar investidores sobre resultados de ensaios clínicos do simufilam anteriores.

A reportagem acima foi publicada com o título “Fracasso em ensaio clínico encerra trajetória controversa de promessa contra a doença de Alzheimer” na edição impressa n° 347, de janeiro de 2025.

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