Imprimir PDF Republicar

Planejamento

O futuro em debate

Começa a preparação da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Entre os dias 24 e 28 de maio de 2010, especialistas, autoridades e membros da comunidade científica estarão em Brasília discutindo rumos e diretrizes para a política de ciência, tecnologia e inovação do país nos próximos anos. A 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação terá como mote os desafios para integrar a ciência ao desenvolvimento sustentável. O evento foi convocado em novembro pelo ministro da Ciên­cia e Tecnologia, Sergio Machado Rezende, que ressaltou a importância de estabelecer estratégias de longo prazo. “Essa conferência vem em um momento oportuno porque faz 10 anos que foram ampliados os recursos para a ciência e tecnologia”, disse Rezende, que destacou a relevância de iniciativas tomadas na década passada, como a criação dos fundos setoriais. “Devemos avaliar nossos avanços e ainda propor um novo plano. Quem sabe, até mesmo, uma política de Estado que se estabeleça pelos futuros governos até 2020”, destacou.

A primeira edição da conferência, realizada em 1985, debateu os desafios para o desenvolvimento do país, com destaque para áreas estratégicas, como informática, biotecnologia, química fina, além de uma política de formação de recursos humanos. A segunda, convocada em 2001, teve como mote a inovação e foi marcada pelo debate dos fundos setoriais. O tema da terceira conferência, ocorrida em 2005, foi o desenvolvimento econômico e abordou os temas do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o período de 2007 a 2010. Agora a palavra-chave é o desenvolvimento sustentável, com destaque para a utilização da biodiversidade e as mudanças climáticas. “Entre os membros dos Bric [Brasil, Rússia, Índia e China], somos a única nação com reais condições de crescer de acordo com os cânones do desenvolvimento sustentável”, diz o físico Carlos Aragão, secretário-geral da conferência. “Queremos chegar ao final da conferência com subsídios para que se tenha uma política de Estado que garanta tranquilidade a quem atua na área da ciência, tecnologia e inovação e que mostre a importância do setor nas discussões que envolvam o desenvolvimento sustentável”, afirmou Aragão.

Sugestões
O evento também debaterá outros temas focais, como a inovação, a importância da educação e o novo papel do Brasil no cenário internacional. A Conferência Nacional será precedida de conferências regionais, que acontecerão entre os meses de março e abril em Vitória (Região Sudeste), Porto Alegre (Sul), Cuiabá (Centro-Oeste), Belém (Norte) e Maceió (Nordeste). Em paralelo, está sendo discutida a estrutura do evento nacional, como os tópicos das grandes plenárias. “Estamos recebendo sugestões bastante pertinentes, como, por exemplo, a inclusão da importância da ciência básica entre os temas”, diz Aragão, referindo-se a uma sugestão feita pelo diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, que foi convidado a participar do conselho consultivo da conferência.

Na avaliação de Brito Cruz, é preciso incentivar ainda mais a ciência básica, ao mesmo tempo que se cria a cultura de inovação nas empresas. “Não devem ser objetivos mutuamente excludentes, são complementares”, afirmou. “Os avanços do conhecimento na literatura, nas artes, nas humanidades, na filosofia, na física da origem do Universo, na química fundamental, na teoria da evolução, nas partículas elementares e outras áreas são temas que intrigam e desafiam a humanidade há séculos, e saber mais sobre eles é requisito essencial para participarmos mais do mundo como sujeitos, e não como espectadores somente”. Brito também observou que os atores envolvidos até agora na conferência são majoritariamente vinculados ao governo federal e ressaltou a importância de convocar um espectro ainda mais amplo de vozes para a discussão, para que a conferência seja nacional e não somente federal. “O Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas precisa ser incluído entre os organizadores, pois suas instituições respondem por uma elevada proporção da ciência e da pós-graduação no país.”

Republicar