Mais uma evidência que reforça a teoria do Big Bang, a explosão primordial que teria originado o Universo há cerca de 13,8 bilhões de anos, foi produzida por um grupo internacional de astrofísicos, com a participação de Jorge Meléndez, da Universidade de São Paulo (USP). Os cientistas usaram o espelho de 10 metros e um potente espectrógrafo do telescópio Keck, situado em Mauna Kea (Havaí), para refinar as medições sobre os níveis de dois isótopos de lítio presentes em quatro estrelas muito antigas, formadas logo após o Big Bang (Astronomy & Astrophysics, 6 de junho). Até agora, havia uma grande discrepância entre o que previa o modelo de criação do Universo e os registros obtidos. Em relação ao que postula a teoria, tinham sido encontradas quantidades 200 vezes maiores de lítio-6 e de três a cinco vezes menores de lítio-7 nas estrelas anteriormente analisadas. As novas medições com o Keck, no entanto, encontraram valores dentro da margem estimada pelo modelo do Big Bang. A maior dificuldade nesse tipo de busca é obter evidências da assinatura do lítio-6, a forma menos abundante desse elemento no Universo. “O grande poder de coletar luz do Keck nos permitiu observar estrelas com uma composição mais ‘primordial’ do que qualquer estudo anterior”, comenta Meléndez. Os dados coletados foram analisados com o emprego de uma sofisticada modelagem computacional em três dimensões da atmosfera das estrelas, estratégia que permitiu a obtenção de informações mais detalhadas, segundo os pesquisadores.
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