Em 2017 o norte-americano Grant Johnson, voluntário no Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio), no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, encontrou no meio de troncos caídos uma larva emitindo luz azul. A equipe do IPBio que atua no Parque Estadual Turístico do Vale do Ribeira (Petar), conhecido por suas cavernas e sua biodiversidade peculiar, enviou fotos ao químico Cassius Stevani, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). Especialista em fungos bioluminescentes e presença assídua no Petar, ele contatou entomologistas e descobriu se tratar de uma larva de mosquito. Um colega consultado foi o bioquímico Vadim Viviani, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Entre outros animais que emitem brilho, Viviani estuda uma espécie norte-americana de mosquito, Orfelia fultoni. Ao testar extratos retirados das duas espécies – a agora descrita, denominada Neoceroplatus betaryiensis, e O. fultoni –, os pesquisadores obtiveram a emissão de luz in vitro (Scientific Reports, 5 de agosto). “Significa que ambas têm a mesma luciferina e a mesma luciferase”, afirma Stevani, referindo-se à enzima e ao substrato responsáveis pela reação química geradora de luminosidade. Stevani supõe ser possível produzir, por meio de engenharia genética, larvas brilhantes de mosquitos causadores de doenças, como o Aedes aegypti. “Poderia ser um meio de identificá-las facilmente e evitar doenças”, conta.
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