
O pesquisador considera o plágio uma prática antiética, mas argumenta que cientistas são diferentes de escritores. “Damos mais valor à originalidade das ideias do que à originalidade da linguagem”, afirma. “Há ofensas muito piores do que plagiar um texto, como assumir o crédito de uma ideia alheia. Isso é mais difícil de detectar do que descobrir que alguém copiou e colou um texto”, afirma Chaddah, ele próprio vítima de apropriações indevidas de ideias em artigos que publicou.
A proposta foi recebida com reservas. “O plágio é incompatível com um comportamento ético, com a criatividade, a imaginação e a originalidade, que são os pilares da ciência”, comenta o pesquisador Pedro Cintas, da Universidade da Extramadura, Espanha. Sonia Vasconcelos, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e uma estudiosa da integridade na ciência, considera que nem todos os casos de plágio justificam uma retratatação, mas discorda de Chaddah. “O autor considera que o plágio de ideias e de resultados seria mais grave que o plágio de texto. Mas há muitas situações em que o plágio textual incorpora ideias e hipóteses preciosas do autor original. Me parece falacioso assumir que a apropriação textual indevida configura um ‘plágio mais suave’ no contexto da pesquisa”, afirma.
Ela também discorda da afirmação segundo a qual “cientistas não são escritores”, feita por Chaddah. “A comunicação científica é parte integrante da atividade do pesquisador”, diz ela. “Simplificar essa tarefa de escritor e o plágio textual ao mesmo tempo, na minha percepção, parece estimular a ideia de que escrever pesquisa é algo secundário, além de indiretamente contribuir negativamente para a formação de escritores científicos independentes. Escrever ciência não é mera regurgitação de fatos e ideias.”
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