daniel buenoUm documento destinado a editores de revistas científicas ofereceu uma série de orientações para evitar disputas e dilemas éticos envolvendo a atribuição de autoria de papers. Divulgado em setembro por um grupo de trabalho do fórum Committee on Publication Ethics (Cope), sediado em Londres, o texto sugere que cada revista defina claramente os parâmetros que considera necessários para um pesquisador assinar um artigo – e os exponha em seu website. Se as regras forem inspiradas nas de alguma instituição ou sociedade científica, isso também deve ser declarado.
Outra precaução importante é exigir que todos os autores assinem uma declaração de responsabilidade. A maioria das revistas já toma esse cuidado, mas o Cope definiu quatro requisitos para não esquecer: 1) que todos os autores cumpram os requisitos exigidos pela revista; 2) que todos se responsabilizem pela integridade da pesquisa; 3) que não sejam omitidos nomes de outros indivíduos qualificados para serem autores do artigo; 4) que seja declarada a contribuição de cada um dos autores para a concepção e elaboração do artigo. Aconselha-se, ainda, que as revistas enviem correspondência para todos os autores citados, para garantir que todos consentiram em assinar o paper.
De modo geral, há consenso de que o autor é aquele que dá uma real contribuição intelectual para o trabalho científico, participando de sua concepção, execução, análise e redação dos resultados, aprovando seu conteúdo final. No documento, o Cope ressalta que indivíduos cujas contribuições se encaixem em algum, mas não em todos os parâmetros de autoria, sejam citados nos agradecimentos, assim como aqueles que ajudaram a obter recursos e infraestrutura, mas não participaram da pesquisa.
O grupo de trabalho admite que não tem respostas para todas as controvérsias envolvendo a atribuição de autoria. Cita, por exemplo, as diretrizes do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), segundo as quais um autor deve ser responsável por todos os aspectos do paper, a fim de garantir que as questões relacionadas à exatidão e à integridade de qualquer parte do trabalho foram resolvidas. Isso, diz o grupo de trabalho, pode ser problemático em estudos multidisciplinares, nos quais pesquisadores compreendem em profundidade apenas as suas contribuições parciais. Outra lacuna nas diretrizes do ICMJE está relacionada à exigência de que todos os autores aprovem a versão final do que será publicado – um dos receios é que, em artigos com muitas assinaturas, algum autor faça exigências exageradas ou descabidas que se tornem um obstáculo para a divulgação do artigo. O documento do Cope está disponível aqui.
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