Daniel BuenoUm neurônio-espelho, uma das descobertas mais importantes da neurociência na última década, está ligado à visão e ao movimento. Permite o aprendizado por imitação, já que é acionado quando é necessário observar ou reproduzir o comportamento de outros seres da mesma espécie. Por essa razão, acredita-se, é a base das habilidades sociais dos primatas. “Um neurônio-espelho pode ser usado para analisar cenas ou intenções de outros indivíduos”, comenta o neurocientista Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O neurônio-espelho foi descrito inicialmente em macacos por pesquisadores da Universidade de Parma, na Itália, em 2004. “Técnicas de neuroimagem sugerem a existência de células com as mesmas características no cérebro de humanos”, diz Rehen. Cogita-se, porém, que não seja um privilégio de primatas e possa ser encontrado também em outros animais, como as aves.
Sua localização já está definida – no córtex pré-motor e lobo parietal inferior dos primatas –, mas ainda há dúvidas sobre o alcance de suas funções. Estudos recentes indicam que o neurônio-espelho está ligado à observação e imitação das expressões faciais e dos movimentos das mãos e, num estágio seguinte, dos próprios movimentos. O estudo das propriedades dessas células tem ajudado a entender a origem de alguns distúrbios neurológicos. O autismo, por exemplo, poderia resultar de disfunções dos neurônios-espelho.
Stevens Rehen, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
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