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Resenhas

Obra em espiral

Anna Maria Maiolino | Helena Tatay (org.) | Cosac Naify | R$ 78,00 | 272 páginas

Anna Maria Maiolino Helena Tatay (org.) Cosac Naify R$ 78,00 272 páginas

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) exibiu até 10 de março uma exposição de Anna Maria Maiolino, organizada por ter sido ela a grande vencedora do Prêmio Masp Mercedes-Benz de Artes Visuais, em junho de 2012 (Paulo Nazareth foi o premiado na categoria Talento Emergente). Na abertura da exposição, também foi lançado o livro Anna Maria Maiolino e, para quem não viu a exposição, concentrada em fotos, filmes super-8, vídeos, sons e instalações – “essas mídias que captam o instante”, nas palavras da artista –, resta o livro como uma bela possibilidade de um encontro a fundo com o trabalho e as reflexões dessa artista nascida na Itália, mas que se tornou a extraordinária criadora que é no cenário das inquietações estéticas e existenciais da geração que encontrou ao aportar no Rio de Janeiro em 1960.

“Eu era muito jovem e não tinha consciência de que estávamos em um estado de esgotamento da modernidade”, diz ela na longa entrevista concedida a Helena Tatay, a organizadora do livro, originalmente uma iniciativa da Fundação Antoni Tàpies para acompanhar uma exposição itinerante da artista na Espanha e na Suécia em 2010/2011. “Eu vivia mergulhada na angústia e nas dúvidas, embora tentasse participar daquele momento de grande efervescência nos campos político, social e artístico (…). Queríamos desenvolver uma arte autônoma nacional, que se afastasse o máximo possível dos padrões e dos modelos do exterior”, ela continua.

O livro traz nas reproduções fotográficas das obras em variados suportes, técnicas e materiais – desenho, gravura, pintura, escultura em cerâmica, vidro, além das já citadas “mídias do instante” – e, também, nos poemas da autora (sim, ela escreve), uma amostra consistente do percurso riquíssimo de Anna Maria Maiolino em busca, já não da identidade, desejo da fase de juventude, mas da articulação de uma linguagem própria. Nessa procura de “constituir-se pessoa/construir-se artista”, ela parte da figuração para outros e variados campos muito distantes, mas desenvolvendo sua obra, como diz, em espiral, girando em torno de alguns pontos centrais, entre eles aspectos modestos do cotidiano, o orgânico, as metáforas do corpo, as fronteiras com os outros, os mapas, a cartografia de seu tempo.

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