A técnica de edição de genes CRISPR-Cas9, que ganhou destaque nos últimos anos pelo potencial de corrigir defeitos genéticos associados a doenças, é menos precisa do que o previsto, concluíram pesquisadores do Instituto Sanger, do Reino Unido. Eles examinaram os segmentos de DNA em células-tronco embrionárias de camundongos e em células humanas próximos à região cortada pela enzima Cas9 para ver se haviam sido afetados, algo não desejável. A Cas9 funciona como uma tesoura e é usada para eliminar trechos defeituosos específicos em uma das duas fitas da molécula de DNA. Em seguida, mecanismos de reparo da célula reconstroem o trecho excluído usando como molde a fita com o trecho correto. Até recentemente, as técnicas só permitiam analisar o local de corte ou áreas muito distantes e os resultados sugeriam que a CRISPR fosse bastante exata. Usando outras técnicas, a equipe de Allan Bradley examinou pontos um pouco afastados do corte e verificou que trechos do DNA haviam sido removidos, rearranjados ou invertidos (Nature Biotechnology, 16 de julho). Esse tipo de alteração pode ser perigoso e causar, em vez de curar, doenças, alertou o geneticista Gaetan Burgio, da Universidade Nacional da Austrália, em um texto publicado na revista de divulgação científica The Conversation comentando o estudo de Bradley. Antes do grupo britânico, pesquisadores dos Estados Unidos e da Coreia do Sul haviam observado alterações inesperadas no DNA após usar a CRISPR-Cas9 em testes com roedores (Nature Communications, 31 de maio de 2017). Outros experimentos, porém, foram bem-sucedidos (reduziram a perda auditiva em camundongos e combateram células tumorais) e estimularam o início de estudos em seres humanos. Em agosto, sete testes clínicos registrados no site clinicaltrials.gov recrutavam participantes para avaliar o uso da técnica para editar genes causadores de leucemias, câncer de pulmão e anemia falciforme. Como alternativa à CRISPR-Cas9, estão em estudo técnicas de edição de genes que removem trechos de RNA, e não de DNA.
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