Agora, parece que foi mesmo na África que a espécie humana tal qual a conhecemos surgiu – e dali se espalhou para o restante do mundo. Foi no leste do continente africano, precisamente em Herto, no deserto de Awash, porção central da Etiópia, que uma equipe de pesquisadores norte-americanos e etíopes descobriu os fósseis mais antigos do homem moderno (Homo sapiens). São três crânios – dois de adultos e um de uma criança de aproximadamente 7 anos – e mais alguns dentes de outros sete indivíduos, encontrados em meio a ossos de hipopótamos e antílopes e ferramentas de pedra.
Com cerca de 160 mil anos, segundo a datação com argônio, os crânios adultos guardam semelhanças com o homem moderno: face mais achatada e caixa craniana em forma de globo. Mas traços mais primitivos, como os olhos mais afastados um do outro, levaram os pesquisadores a classificar os crânios – descritos em dois artigos na Nature de 12 de junho – como sendo de Homo sapiens idaltu, uma subespécie do H. sapiens.
Analisadas em conjunto, essas características colocam esses hominídeos nas raízes da árvore evolutiva humana e são um reforço às evidências genéticas de que o homem moderno surgiu na África – ainda não se sabe se em apenas uma ou mais regiões – e depois migrou para os outros continentes, o oposto do que prevêem as teorias que sugerem que as primeiras características do H. sapiens apareceram quase ao mesmo tempo em diferentes pontos do planeta.
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