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GENÉTICA

Os riscos dos casamentos entre primos

No Brasil, filhos de casamentos entre primos têm 4,16 vezes mais risco de nascer com doenças genéticas raras do que os de casamentos entre não parentes, estimou um levantamento de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No Nordeste, a taxa de casamentos consanguíneos foi até 13 vezes mais alta do que no Sul. O maior coeficiente de consanguinidade, que mede a probabilidade de duas pessoas terem as variações (alelos) do mesmo gene, foi encontrado no município de Lagoa, na Paraíba (0,01182), e o menor (0,00017) em Belo Horizonte, em Minas Gerais. “A região Nordeste concentra mais populações isoladas geográfica e culturalmente, como os povos ribeirinhos e quilombolas, nas quais os casamentos entre parentes ainda são relativamente comuns”, explica Luzivan Costa Reis, da UFRGS, principal autor do mapeamento. As uniões entre parentes se mostraram associadas à maior ocorrência de doenças genéticas do que na população geral. O levantamento registrou 15 doenças genéticas, das quais duas apresentaram novas mutações, que poderiam agravar os sintomas: a picnodisostose, que causa baixa estatura e deformidades no crânio; e a síndrome de Raine, que inflama o cérebro e danifica o fígado. Para amenizar o problema, segundo Reis, os profissionais da saúde deveriam aprimorar sua formação em genética médica para expor aos casais aparentados os riscos de gerar crianças com doenças genéticas, além de recomendar o aconselhamento genético (International Journal of Medical Reviews, março).

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