O Pantanal é uma terra de muitas águas, algumas delas muito pouco conhecidas como as que formam as lagoas salinas. Sempre redondas ou ovais, com até três metros de profundidade e diâmetro variando de 500 metros a mil metros, essas lagoas em geral estão localizadas no interior de regiões mais altas. Em Nhecolândia, no centro-sul do Pantanal, há 1.500 delas. Até há pouco tempo, essas formações eram consideradas relíquias de períodos mais secos entre 126 mil e 10 mil anos atrás, quando a evaporação da água teria criado zonas com maior concentração de potássio, sódio e magnésio. Um estudo conduzido por pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da França, publicado recentemente na revista Geoderma, mostra que não é bem assim. Segundo um dos pesquisadores, a geógrafa Sheila Furquim, atualmente professora na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a salinidade se deve ao menos em parte a processos atualmente em curso. A água que alimenta essas lagoas vem de lençóis freáticos e fica aprisionada durante a seca em camadas impermeáveis do solo. Nesses períodos de maior evaporação, o grupo detectou a precipitação de íons de magnésio, potássio e cálcio, que entram na composição dos minerais que deixam as águas salgadas. A água dessas lagoas é também altamente alcalina, com pH 10. Em conjunto, essas propriedades químicas favorecem a sobrevivência da fauna local, inclusive dos rebanhos de gado típicos do Pantanal.
Republicar