Em maio morreram Freire-Maia, Dreifuss, Faoro e Graziela Barroso
A dama da botânica
A “primeira-dama da botânica” brasileira, Graziela Maciel Barroso, morreu dia 5 de maio aos 92 anos, em conseqüência de problemas pulmonares. Nascida em Corumbá, Mato Grosso do Sul, casou-se aos 16 anos com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso e, aos 30, já com os filhos criados, foi convidada pelo marido a retomar os estudos. Ajudada por ele, que lhe ensinou botânica, Graziela estagiou no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Aos 47 anos prestou vestibular e passou a cursar biologia pela então Universidade do Estado da Guanabara. Quando dava aulas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), decidiu fazer doutorado na mesma instituição. E em 1973, aos 60 anos, defendeu sua tese. Publicou vários artigos e livros. Trabalhou nas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Pernambuco (UFPE) e na Universidade de Brasília (UnB), além da Unicamp. A árvores caiapiá-da-cana (Dorstenia grazielae), maria-preta (Diatenopteryx grazielae) e pata-de-vaca (Bauhinia grazielae) foram batizadas em sua homenagem.
Pioneiro em genética humana
Newton Freire-Maia, um dos pioneiros em genética humana no Brasil, morreu dia 11 de maio, aos 84 anos, em conseqüência de câncer. Mineiro de Boa Esperança e radicado em Curitiba, Freire-Maia fundou o Departamento de Genética da então Universidade do Paraná (atual UFPR). Ficou conhecido pelo estudo sobre casamentos consangüíneos. Nos últimos 30 anos, dedicou-se às pesquisas de displasias ectodérmicas, doença hereditária que afeta vários tecidos. Escreveu 18 livros e foi co-autor de várias obras editadas no exterior. Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), trabalhava como professor emérito do Departamento de Genética da UFPR.
O pensador libertário
O jurista e escritor Raymundo Faoro morreu dia 15 de maio no Rio de Janeiro, aos 78 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos em decorrência de enfisema pulmonar. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), autor do clássico Os Donos do Poder , sofria com a saúde debilitada havia alguns anos. Natural de Vacaria, Rio Grande do Sul, filho de agricultores, Faoro era um pensador da história do Brasil e foi um grande defensor da volta das liberdades democráticas. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de 1977 a 1979.
Mestre da ciência política
O pesquisador René Armand Dreifuss, morto dia 4 de maio aos 58 anos, era uma referência na ciência política brasileira. Nascido em Montevidéu, Uruguai, e naturalizado brasileiro, publicou alguns livros fundamentais para entender a história recente do país. Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, membro-fundador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Estadual de Campinas e pesquisador do Instituto Virtual Internacional das Mudanças Globais, deixou uma legião de admiradores e pesquisadores formados por ele. Dreifuss escreveu, entre outros livros, 1964: a Conquista do Estado, que rapidamente transformou-se em um clássico – e best-seller, algo raro na área.