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Tecnociência

Para onde vão os genes saltadores

Não se pensava que fosse tão intensa a troca de genes entre uma espécie e outra, a chamada transmissão horizontal. Fabiana Herédia, pesquisadora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, descobriu nove casos em que um tipo de seqüência genética conhecido como elemento transponível ou transposon – também chamado gene saltador – passa de uma espécie a outra de moscas-das-frutas do gênero Drosophila. Antes, só havia um trabalho descrito para o transposon que ela estudou, chamado gypsy (cigano, em inglês).

“Quando o gypsy salta de uma espécie para outra, pode levar pedaços de genes ou genes inteiros, promovendo um intercâmbio de material genético absolutamente distinto do que ocorre por transmissão vertical, que envolve cruzamento entre indivíduos da mesma espécie”, diz ela. Em sua pesquisa, realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fabiana analisou um trecho de 500 pares de base (pb) do gypsy em 23 espécies de moscas, incluindo uma muito aparentada da Drosophila, a Zaprionus indianus, que veio da África em 1999 e hoje é uma praga para os plantadores de figo em São Paulo.

Já caracterizado como um retrovírus, o gypsy passa de uma espécie a outra fazendo uma cópia de si mesmo, que é empacotada como vírus e invade o genoma de outro organismo. A participação dos genes saltadores no genoma de Drosophilas é de cerca de 15%, mas no dos seres humanos pode chegar a 45%. São fontes de variabilidade genética, por acionarem ou desativarem outros genes, além de promoverem quebras e rearranjos cromossômicos.

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