Não é de hoje que convivemos com imagens de lixo plástico, principalmente cenas marinhas como ilhas flutuantes, praias sujas e o registro da tartaruga com um canudo na narina. Não é de estranhar que esse material onipresente, cujos benefícios acabam por ser soterrados por seu uso excessivo, está também em todo o corpo humano, inclusive no cérebro.
O relato sobre como foram encontradas partículas desse material em um dos órgãos mais protegidos do corpo é quase tão interessante quanto a descoberta em si: afinal, como garantir que as amostras não fossem contaminadas se há plástico em todo lado, inclusive nos laboratórios? O editor de Ciências Biomédicas, Ricardo Zorzetto, conta o (pouco) que se sabe, até o momento, sobre a presença e o impacto dos micro e nanoplásticos no corpo humano.
É um outro tipo de partícula, o aerossol, que exerce papel determinante na formação de nuvens. Há um enorme acúmulo de aerossóis quilômetros acima da floresta amazônica, mas não se sabia por quê. Estudos mostram que o isopreno, gás emitido pelas árvores da região como mecanismo de regulação térmica, acelera a formação dessas partículas que, por sua vez, crescem, podem viajar centenas ou milhares de quilômetros e se tornar núcleos de condensação, embriões de nuvens.
Esta edição traz ainda a mais recente contribuição da nossa repórter freelancer Renata Fontanetto, que foi a Baku, no Azerbaijão, cobrir a Conferência do Clima com apoio da Earth Journalism Network, da Internews, e do Stanley Center for Peace and Security. Ela entrevistou a economista brasileira Anacláudia Rossbach, que assumiu em 2024 a diretoria executiva do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos.
A psiquiatria é uma consistente área de estudos, prática e ensino no Brasil desde o século XIX. Sua história traz nomes importantes como Juliano Moreira e Nise da Silveira. Menos conhecido, o neurologista e psiquiatra Austregésilo Lima (1876-1960) falava a favor da educação sexual, ao mesmo tempo que defendia a função disciplinadora e moralizante da psiquiatria. Dedicou-se a refinar o diagnóstico da chamada histeria, categoria de distúrbio associado principalmente a mulheres e uma definição guarda-chuva para uma variedade de problemas físicos e psíquicos.
Cerca de um século depois, o diagnóstico da bipolaridade mobiliza psiquiatras brasileiros. O médico Flávio Kapczinski integra o grupo internacional que procura definir os estágios de agravamento do transtorno bipolar. Esse sistema classificatório tem como objetivo ajudar médicos a escolher os tratamentos mais adequados. Em entrevista a revista, Kapczinski conta ainda sobre a preparação do primeiro estudo para determinar a prevalência de doenças mentais mais graves na população brasileira.
Os estudos literários privilegiam autores e suas obras, poucas vezes voltando suas atenções para aqueles que permitem a leitores desfrutar de produções em línguas que não dominam. Tradutores são intermediários de diferentes culturas, construindo as pontes que nos dão acesso a esse mundo. Suas trajetórias e processos de trabalho são elementos que contribuem para a compreensão do universo literário. Ao ler a reportagem, impossível não lembrar de Heloisa Jahn (1947-2022), tradutora de mais de uma centena de obras escritas em várias línguas, mãe da nossa editora de Ciências Biológicas, Maria Guimarães. Sua grandeza profissional e pessoal foi evidenciada no sarau em sua homenagem, na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, logo após sua prematura partida.
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