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Especial

Passado, presente e futuro

Ciências Agrárias e Veterinárias. Biologia. Saúde. Três áreas do conhecimento que sempre foram fortes na pesquisa paulista. Três áreas do conhecimento que possuem tradicionais instituições, algumas centenárias, responsáveis por pesquisas cujos resultados transformaram o panorama do Estado em questões fundamentais como a de saúde pública, atendimento médico, produção agrícola. Três áreas do conhecimento que contam com instituições jovens, mas já com importantes contribuições científicas. Todas elas, infelizmente, com os seus ambientes de pesquisa comprometidos, em maior ou menor grau. Esse era o quadro antes do Programa de Infra-Estrutura.

Juntas, essas três áreas receberam R$ 125,4 milhões para a recuperação de seus laboratórios. A maioria tinha as redes elétrica e hidráulica em ruínas, incapaz de suportar a instalação de um novo equipamento que demandasse energia elétrica. O professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, recordou, em seu depoimento, o seu primeiro dia de trabalho num local improvisado para ser o laboratório de neurociências. Ao ligar o ar-condicionado, causou uma pane no sistema elétrico do prédio, impedindo até que se completasse uma cirurgia que estava sendo realizada no Hospital das Clínicas. No Instituto de Botânica, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, os pesquisadores do laboratório de micologia, que cultiva e estuda fungos e sua aplicação na agricultura, na recuperação ambiental e na área de alimentos, constantemente viam todo o seu material ser contaminado por fungos indesejáveis que proliferavam nas paredes úmidas, devido a vazamentos.

Esses são apenas dois exemplos, que resumem a situação, qualificada pelo professor Eduardo Moacyr Krieger, do Instituto do Coração (Incor) e presidente da Academia Brasileira de Ciências, como “à beira da calamidade”. Ao investir nos laboratórios, o Programa de Infra-Estrutura influiu nas condições de trabalho e no ânimo dos pesquisadores. Linhas de pesquisa que estavam paralisadas foram retomadas e outras novas foram criadas. As pesquisas aumentaram em quantidade e em qualidade, dizem os pesquisadores, que assinalam ainda, como conseqüências positivas, o incremento na publicação de resultados científicos e do intercâmbio com pesquisadores de outras instituições do país e do exterior.

“Mesmo com uma equipe reduzida em relação aos anos anteriores ao Infra, conseguimos aumentar a produtividade e a qualidade das pesquisas, ampliar as linhas de pesquisa e o leque de exame de rotinas”, diz o pesquisador Odair Zenebon, do Instituto Adolfo Lutz. Antônio Carlos Seguro, da Faculdade de Medicina da USP, faz a sua avaliação: “A partir de 1996, ano em que os projetos do Infra começaram a ser concretizados, tivemos um aumento de pelo menos 100% no número de trabalhos publicados no exterior”. E Carlos Martins Menck, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, destaca: “Só nos últimos três anos, o Departamento de Microbiologia dobrou sua produção científica. A reforma possibilitou também a vinda de novos professores e pesquisadores que estavam no exterior”.

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