O biólogo norte-americano David Sabatini enfrenta novos obstáculos para retomar a carreira, depois de ser forçado a deixar o laboratório que liderava no Instituto Whitehead, nos Estados Unidos, em 2021, e a renunciar no ano seguinte ao cargo de professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em meio a acusações de assédio e de violação de normas que proíbem relacionamentos de caráter sexual no ambiente de trabalho. Recentemente, o pesquisador foi contratado pelo Instituto de Química Orgânica e Bioquímica de Praga, na República Checa, para liderar um laboratório na filial da instituição em Boston, nos Estados Unidos, e solicitou financiamento aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), principal agência de apoio à pesquisa biomédica norte-americana, para um novo projeto.
Embora já tenha passado o período de um ano durante o qual Sabatini foi proibido de obter apoio federal, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) barrou o pedido. Em uma carta enviada em agosto para Sabatini, Katrina Brisbon, responsável por uma subsecretaria do HHS, informou ao pesquisador que sua conduta pregressa é incompatível com os requisitos para fomentar um ambiente de trabalho seguro e saudável e não o qualifica como um destinatário confiável de recursos dos NIH.
Conhecido mundialmente por contribuições em estudos sobre sinalização celular e metabolismo do câncer, Sabatini foi acusado de assédio pela bióloga Kristin Knouse, uma subordinada com quem manteve um relacionamento, e também por outros funcionários do Whitehead Institute, que é um centro de pesquisa biomédica em Cambridge, nos Estados Unidos. Knouse entrou com uma ação civil contra Sabatini alegando que foi coagida a fazer sexo com ele e que o ambiente do laboratório em que ambos trabalhavam era “tóxico e carregado sexualmente”.
Os advogados do biólogo contestaram o veto do HHS em um processo judicial, argumentando que ele não cometeu assédio sexual e que as punições que sofreu são injustas. “Estamos confiantes de que as evidências mostrarão que esse é o caso de um cientista se protegendo contra declarações falsas e difamatórias”, disse Sabatini em um comunicado divulgado por seu advogado, Edward Foye. No ano passado, Sabatini recebeu uma proposta para trabalhar na Escola de Medicina da Universidade de Nova York, mas o convite acabou sendo retirado após protestos de estudantes e pesquisadores contra sua contratação.
Republicar