daniel buenoA hipótese de que a velocidade da luz é a velocidade limite para os corpos é uma das mais bem testadas da física. Os resultados do Opera merecem atenção por contrariar os de outros experimentos. Se existissem táquions, partículas capazes de viajar a velocidades superiores à da luz, eles poderiam transportar informações mais rápido que ela. Segundo a relatividade restrita, isso violaria a relação que estabelece que a causa vem antes do efeito (uma vidraça poderia quebrar antes de a pedra a atingir) e se perceberia uma inversão do tempo. Se neutrinos viajassem à velocidade medida pelo Opera, os da Supernova de Shelton, detectados em 1987, deveriam ter chegado à Terra quatro anos antes. Precisamos aguardar outros testes.
Marcelo Guzzo
Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp
Há uma discussão sobre o tema porque o Opera produziu neutrinos que percorreram cerca de 800 quilômetros 60 bilionésimos de segundo mais rápido do que a luz. Caso o resultado esteja certo, o comportamento deles não segue a teoria da relatividade restrita, de Einstein. Calcula-se a velocidade do neutrino com base no tempo que leva para percorrer certa distância. Ironicamente, usam-se aparelhos de GPS, que precisam usar a teoria da relatividade, para ter uma precisão de metros nessas medições. A grande dificuldade é detectar o tempo de chegada dos neutrinos, porque só medimos as partículas geradas pela colisão deles com o detector. É necessário esperar outras medidas para termos certeza.
Orlando Peres
Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp
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