Qingyou Han, diretor do Centro de Pesquisas em Processamento de Materiais da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, admitiu a um tribunal distrital norte-americano ter cometido fraudes contra a National Science Foundation (NSF), principal agência de pesquisa básica dos Estados Unidos. Sua mulher, Lu Shao, também se declarou culpada. Ela presidia a Hans Tech, empresa especializada em ligas ultraleves de alumínio, que recebeu desde 2010 mais de US$ 1,3 milhão dos programas Pesquisa em Inovação para Pequenas Empresas (SBIR) e Transferência de Tecnologia para Pequenas Empresas(STTR), mantidos pela NSF.
O casal montou um esquema com múltiplas irregularidades. Chinês radicado nos Estados Unidos desde os anos 1980, Han era o responsável por encaminhar os pedidos de financiamento assinados pela esposa. Em nenhum momento, contudo, eles informaram a agência que eram casados e administravam juntos a empresa. Alguns dos projetos submetidos à NSF sugeriam que Han fosse contratado pela Hans Tech para ajudar no desenvolvimento de seus produtos. Há, ainda, comprovantes de pagamento de funcionários que eram, na verdade, os dois filhos do casal, com 9 e 16 anos. Os recursos públicos também foram usados para alugar por US$ 150 mil as dependências de um laboratório que não existia: o endereço era a casa em que a família morava. Os dois admitiram que o dinheiro da NSF foi desviado para pagar a hipoteca da casa. Em outra manobra contábil, Han simulou a venda de parte da empresa para um investidor interessado – que era ele próprio.
O caso foi investigado pela NSF, a polícia da cidade de Michigan e o FBI. O procurador encarregado da acusação, Thomas Kirsch, disse que esquemas desse tipo, realizados por um membro respeitado da comunidade científica, são uma afronta à agência e privam de recursos outras empresas mais merecedoras de produzir inovações e avanços. “Os investimentos em projetos de pequenas empresas da NSF são financiados por dólares dos contribuintes e devem ser usados como capital semente para ajudar a impulsionar a inovação e o avanço da ciência e da tecnologia”, disse, de acordo com o site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A sentença do casal será definida em uma audiência em janeiro.
Republicar