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Geologia

Placas litosféricas começaram a colidir há 2,1 bilhões de anos

Os encontros entre os blocos de rochas aumentaram à medida que a temperatura do interior da Terra diminuía

Bergminer / Wikimedia CommonsRutilo, mineral examinado para reconstituição dos movimentos das camadas superficiais da TerraBergminer / Wikimedia Commons

Para saber quando as placas litosféricas (formadas pelas camadas superficiais da Terra) começaram a se mover e colidir, um grupo de geólogos de São Paulo, Minas Gerais, Irlanda, Canadá e Inglaterra examinou as idades de cerca de 15 mil amostras do mineral rutilo coletadas de rochas de todos os continentes. O rutilo serve para esse tipo de pesquisa porque se forma sob temperaturas relativamente baixas e altas pressões, cerca de 10 mil vezes maiores que a do nível do mar, condições verificadas somente quando blocos de rochas que se movimentam em sentidos opostos se encontram.

As análises indicaram que as placas começaram a se encontrar, com zonas de subducção (mergulho de uma placa embaixo de outra), originando montanhas e terremotos semelhantes aos atuais, entre 2,1 bilhões e 1,8 bilhão de anos atrás. Os resultados foram semelhantes aos obtidos por outras abordagens.

“As colisões entre as placas se intensificam à medida que a crosta se torna mais rígida e se diferencia do manto [camada abaixo da crosta], cuja temperatura diminui gradativamente desde a origem da Terra”, explica o geólogo Rodrigo Cerri, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, coordenador do estudo, publicado em setembro na Precambrian Research.

Segundo ele, esse fenômeno coincidiu com o final da formação do supercontinente Nuna/Colúmbia, que continha blocos de rochas que formariam o continente sul-americano, centenas de milhões de anos depois.

“Antes, o interior da Terra era muito mais quente do que hoje e não havia subducção”, comenta Cerri. “As placas praticamente não se moviam, eram estagnadas, e a crosta era mais fina e mal se diferenciava do manto.”

Projeto
Evolução metamórfica e o início da tectônica de placas: rutilo detrítico como proxy na identificação de mudanças seculares no metamorfismo (no 22/06156-1); Modalidade Projeto Geração; Pesquisador responsável Rodrigo Irineu Cerri (Unesp); Investimento R$ 602.037,90

Artigo científico
CERRI, R. I. et al. Earth’s metamorphic secular evolution accessed by rutile. Precambrian Research. v. 411, 107530. 1 set. 2024.

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