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COP30

Preparando a transição energética

Especialistas apontam oportunidades para os países do hemisfério Sul em debates organizados pela FAPESP

Energia solar e eólica combinadas na mesma região, na China: alternativa ao carvão e petróleo

Youngnh / Getty Images

Ainda que possa ter dificuldade para conseguir financiamentos e acelerar a transição energética, um dos principais temas tratados na COP30, o Brasil tem uma vantagem: a extensão territorial. “Países como Brasil, Índia e África do Sul possuem vastos territórios, o que é excelente para o desenvolvimento de energia eólica e solar e para atrair investimentos em energias renováveis e profissionais qualificados na área”, avaliou Pu Wang, diretor de pesquisa no Instituto de Estratégias de Desenvolvimento Sustentável da Academia Chinesa de Ciências, em um dos debates promovidos pela FAPESP na COP30, em Belém.

Para Wang, o aumento da produção de carros elétricos na China é um exemplo de como as mudanças climáticas também representam oportunidades de desenvolvimento econômico para os países do hemisfério Sul, começando com a fabricação de painéis solares e baterias e avançando para tecnologias mais inovadoras.

Dipak Dasgupta, membro do Instituto de Energia e Recursos da Índia e do Conselho Científico da COP30, indicou outra possibilidade: a busca de soluções para o aprimoramento das redes elétricas de alta tensão. As redes são cruciais para a energia renovável por permitir o transporte eficiente de eletricidade de áreas de geração (como usinas solares e eólicas) para os centros de consumo, com perdas mínimas de energia.

“A capacidade das redes de transmissão de alta tensão para lidar com a energia renovável é um problema comum a todos nós [países do Sul global]”, afirmou. A seu ver, não há nenhuma razão para que os engenheiros indianos não conversem com os operadores de redes de energia do Brasil ou da China, por exemplo. O debate foi mediado por Gilberto Jannuzzi, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e assessor da Diretoria Científica para o Programa de Transição Energética da FAPESP.

Outro painel, com representantes da Iniciativa Amazônia+10, teve a participação da economista italiana Mariana Mazzucato, da University College London, da Inglaterra, que defendeu a intensificação da ação do poder público na resolução de grandes desafios sociais. Ela refutou as alegações de restrições orçamentárias utilizadas por países, principalmente os mais ricos, para se esquivar do financiamento de ações de combate às mudanças climáticas: “Os governos alegam que não têm dinheiro para a saúde ou para o clima. Essas restrições orçamentárias são falsas”, diz. “Quando se quer fazer algo, o dinheiro é criado.”

A Amazônia+10 foi lançada pela FAPESP em 2022 e encampada pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). Hoje a iniciativa reúne 25 FAP de todo o país e 10 parceiros internacionais com o objetivo de financiar a pesquisa na Amazônia, com protagonismo local.

A Fundação paulista promoveu também debates sobre vários outros temas durante a COP30, que trataram desde os limites de resistência da Amazônia às transformações causadas pela ação humana e mudança do clima até a pesquisa oceânica, acerca da importância de preservar o ambiente marinho.

Com informações da Agência FAPESP

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