Peixe frito, banana frita, frango frito. Muita fritura, muito sal, sedentarismo e sobrepeso fazem de Vitória, a capital do Espírito Santo, uma das cidades brasileiras com um dos mais altos índices de hipertensão arterial, verificada em 37,8% da população, segundo um levantamento feito a partir de uma amostra de 1.663 moradores (47,4% homens e 52,6% mulheres) entre 25 e 64 anos de idade. De cada um deles, uma equipe da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), coordenada por José Geraldo Mill, examinou 20 parâmetros, como índice de massa corporal, excreção urinária de sódio, taxa de glicose no sangue e colesterol.
Os níveis de sódio e de colesterol foram mais altos em homens e em pessoas de menores condições econômicas, numa relação direta com a hipertensão. Um estudo complementar sobre os hábitos alimentares de 1.623 moradores de Vitória consolidaram algumas hipóteses que explicam esses resultados. “Os hábitos que levam à alta incidência da hipertensão e à obesidade são construídos dentro da própria família”, diz uma das pesquisadoras da equipe, Maria del Carmen Bisi Molina, carioca radicada há oito anos na capital capixaba.
Talvez seja um pouco difícil mudar esses hábitos e incentivar a prática da atividade física como forma de evitar o excesso de peso, outro fator de risco para doenças cardíacas. Em 2003, Lara Marina Venturim, aluna de Maria del Carmen, acompanhou 40 pessoas que procuraram os postos à beira-mar do Serviço de Orientação ao Exercício (SOE). Seis meses depois, apenas 12 incorporaram o hábito de exercitar-se. “Além dos postos de orientação de exercícios”, diz Maria del Carmen, “é preciso implantar outras estratégias de políticas públicas de saúde.”
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