A partir de informações de domínio público – seqüências de genomas disponíveis na Internet -, um grupo de pesquisadores da Universidade do Estado de Nova York, nos Estados Unidos, criou uma versão artificial do vírus da poliomielite. Foi só um teste, financiado pelo Pentágono, o órgão de defesa do governo norte-americano, para dimensionar o risco de ataques terroristas com armas biológicas. O resultado assustou duplamente.
Primeiro, por ser realmente possível criar um microrganismo a partir de informações públicas armazenadas e de material encomendado a empresas especializadas em produ- zir moléculas de DNA, enviado por correio, sem a necessidade do vírus natural. Em segundo lugar porque, se os pesquisadores norte-americanos conseguiram montar o DNA do vírus, outros também conseguiriam. O resultado do experimento, publicado na revista Science no início de julho, também preocupou por levantar a possibilidade de se produzir, pelos mesmos caminhos, vírus potencialmente arrasadores, como os do ebola e da varíola.
Em janeiro, já havia sido anunciada a criação do ebola usando genes retirados do próprio vírus. A experiência foi diferente da feita com o vírus da pólio porque a equipe de pesqui- sadores conseguiu os genes do próprio ebola (os pesquisadores do vírus da pólio o recriaram inteiramente). Imagina-se que não haveria dificuldades insuperáveis mesmo na criação em laboratório do vírus da gripe que em 1918 causou uma epidemia com 40 milhões de mortos, cujas seqüências genômicas devem ser publicadas este ano.
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