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Boas práticas

Privacidade em xeque

Diretora de agência nega a parlamentares acesso à identificação de vítimas de assédio sexual

Monica Bertagnolli, diretora dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), principal agência de apoio à pesquisa biomédica dos Estados Unidos, rejeitou pedidos de acesso a detalhes das investigações sobre alegações de assédio sexual contra funcionários contratados e cientistas financiados pelo órgão, que haviam sido feitos por um comitê do Congresso norte-americano. A justificativa da diretora foi que partilhar tais informações violaria a privacidade das vítimas.

Em entrevista à revista eletrônica Times Higher Education, Bertagnolli disse que a agência cooperou com as investigações sobre assédio nos NIH feitas pelo Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes dos EUA, exceto na parte que solicitava acesso a detalhes de casos individuais. “Cumprir essa parte da exigência do Congresso poderia assustar as vítimas e impedi-las de compartilhar alegações no futuro”, disse ela. “A última coisa que queremos é que as pessoas não se disponham mais a apresentar uma acusação porque têm medo de que os seus dados acabem no gabinete de um congressista.”

Em dezembro, a agência enviou dados ao comitê mostrando que, entre 2018 e 2023, recebeu 265 denúncias de assédio envolvendo pesquisadores e funcionários dos NIH. Em 135 casos, ações corretivas foram tomadas. Em 112, nenhuma violação foi encontrada. Dezoito denúncias ainda estão sendo investigadas.

A presidente do comitê, a deputada Cathy McMorris Rodgers, do Partido Republicano, disse que houve “falta de cooperação em boa-fé” da agência e negou que a investigação do Congresso possa desestimular novas denúncias. “Acredito que as vítimas ficarão aliviadas em saber que alguém está buscando justiça para elas e abordando a questão do assédio sexual generalizado em seu local de trabalho”, afirmou a parlamentar. O comitê insistiu no pedido e, no final de janeiro, enviou uma intimação à agência exigindo acesso aos dados. Na intimação, Rodgers aceita receber documentos com a identidade das vítimas suprimida, mas avisa que um membro do comitê deverá ver a versão original, sem os trechos classificados, para ter certeza de que as supressões foram feitas de boa-fé.

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