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BOAS PRÁTICAS

Produção assombrosa

Levantamento identifica 1.266 dos autores que publicaram um artigo a cada cinco dias em 2022

Wikimedia Commons John Ioannidis, pesquisador da Universidade Stanford e autor do estudoWikimedia Commons

Uma análise produzida por pesquisadores dos Estados Unidos e dos Países Baixos mostra que cresceu de forma acelerada o número de pesquisadores altamente prolíficos, aqueles que conseguem publicar 60 artigos ou mais no período de um ano. O contingente de autores com esse perfil era, em 2022, quatro vezes maior do que em 2012, de acordo com trabalho divulgado em novembro na plataforma bioRxiv. “Suspeito que práticas questionáveis e fraudes possam estar associadas a alguns desses desempenhos extremos”, disse à revista Nature o autor principal do estudo, o médico John Ioannidis, pesquisador da Universidade Stanford, na Califórnia. “Nossos dados fornecem um ponto de partida para discutir essas questões.”

O estudo se debruçou sobre artigos originais e de revisão e anais de conferências publicados entre 2000 e 2022 e identificou 15.815 autores com produtividade extraordinária. A análise excluiu 12.624 pesquisadores altamente prolíficos das áreas de física e astronomia, que tendem a participar de grandes redes de pesquisa e assinar artigos com mais de mil autores, em uma prática de publicação diferente das demais disciplinas.

Ao avaliar os 3.191 pesquisadores restantes, o grupo de Ioannidis observou que China e Estados Unidos, os dois países com maior produção científica, também estão no topo da lista dos autores com produtividade extrema. Outros países se destacaram pelo crescimento recente no número de pesquisadores com esse perfil. Na Tailândia, onde há universidades que dão recompensas em dinheiro para que seus pesquisadores publiquem artigos em periódicos de destaque, o número de autores altamente prolíficos saltou de 1 para 19 entre 2016 e 2022, enquanto na Arábia Saudita e na Espanha o contingente cresceu 11,5 vezes no período. Apenas em 2022, cada um dos 1.266 dos autores altamente produtivos publicou um artigo a cada cinco dias – em 2016, o número de pesquisadores com esse desempenho era de 387. Para Ioannidis, universidades e agências de fomento devem valorizar mais a qualidade do trabalho de um pesquisador e não o tamanho de sua produção. “O número de artigos não deveria realmente contar como positivo ou negativo”, disse à Nature.

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