Arthur Vergani
O presidente da MDPI, Franck Vasquez, classificou a estratégia de Buckley como “artificial” e exageradamente centrada no aumento do fator de impacto. “Quando um artigo é robusto e útil para pesquisadores, ele deve ser publicado, mesmo que os resultados não tragam uma novidade”, disse à revista Science. A estratégia restritiva de Buckley, embora renda prestígio para a publicação, não colabora com o desempenho financeiro da empresa. Os autores de cada artigo selecionado pagam uma taxa de US$ 1,8 mil à MDPI – quanto mais papers publicados, maior o faturamento. Lynda Williams, pesquisadora da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, e uma das editoras que renunciou, diz que a empresa tem uma visão equivocada, capaz de comprometer o esforço para dar prestígio à publicação e atrair bons artigos científicos. Vasquez rejeita essa avaliação e diz que outras publicações da MDPI conseguiram ampliar o fator de impacto aumentando o número de artigos.
Em 2014, as revistas da MDPI chegaram a ser incluídas em uma relação de publicações predatórias, aquelas que publicam papers sem qualidade, cobrando por isso. Mas a empresa apelou ao responsável pelo índice, o bibliotecário Jeffrey Beall, da Universidade do Colorado, e deixou de figurar na lista no ano seguinte. O mercado das publicações comerciais de acesso aberto tem perspectivas de expansão. No mês passado, 11 países europeus anunciaram que, a partir de 2020, só apoiarão projetos de pesquisadores que aceitarem divulgar seus trabalhos em revistas de acesso aberto. A iniciativa foi coordenada pela Science Europe, composta por instituições de fomento como a Agência Nacional de Pesquisa da França (ANR) e a recém-criada UK Research and Innovation, do Reino Unido. Segundo o grupo, não será mais admitida sequer a publicação de artigos em revistas híbridas, aquelas que vivem de assinaturas mas cobram uma taxa extra para que artigos sejam prontamente disponibilizados na web.
Republicar