Seis periódicos brasileiros foram suspensos em 2013 do Journal Citation Reports (JCR), índice internacional produzido pela Thomson Reuters, por apresentarem irregularidades nas suas citações. O JCR mede anualmente o fator de impacto dos periódicos com base nas citações recebidas por seus artigos publicados nos dois anos anteriores. Dois periódicos foram suspensos por excesso de autocitações e os outros quatro, por formarem uma espécie de cartel de citações entre si para aumentar artificialmente o fato de impacto. Essas quatro publicações suspensas são a Clinics, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Jornal Brasileiro de Pneumologia, a Revista da Associação Médica Brasileira e a Acta Ortopédica Brasileira. O fator de impacto desses periódicos voltará a ser publicado em 2014. O caso foi revelado em junho, depois que a Thomson Reuters identificou padrões anômalos de citações que provocaram distorções dos fatores de impacto. Em agosto, a revista Nature publicou um artigo sobre o caso e ouviu Maurício da Rocha e Silva, ex-editor da Clinics, que reconheceu a prática de cartel e criticou a política da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) por sobrevalorizar o fator de impacto na avaliação dos programas de pós-graduação, pressionando editores a obter índices cada vez maiores. Os periódicos suspensos integram a biblioteca SciELO Brasil, cuja direção recomendou que os artigos envolvidos fossem retratados. “O que este grupo de editores fez é lamentável, pois os periódicos são de qualidade”, diz Abel Packer, diretor da SciELO, programa da FAPESP que reúne mais de 280 revistas brasileiras de acesso aberto. “O problema é maior. Editores e autores passaram a depender quase obsessivamente do fator de impacto dos periódicos devido a seu uso indiscriminado como indicador de qualidade em sistemas de avaliação”, afirma.
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