Todas as 12 questões da prova de química da segunda fase do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ministrada no dia 11 de janeiro, foram formuladas a partir de reportagens de Pesquisa FAPESP. Desde 1987, quando o vestibular da Unicamp deixou de ser unificado, foi a primeira vez que a universidade baseou sua prova de química em apenas uma fonte de informação. As questões exploraram um pouco da diversidade de temas científicos expostos na publicação. A primeira pergunta, por exemplo, foi formulada com base numa reportagem publicada no número 163 da revista, de setembro de 2009, que trata da descoberta de estrelas da Via Láctea com núcleo quase totalmente cristalizado. A segunda foi inspirada num texto da edição 146, de abril de 2008, que fala de um sistema de reciclagem de lâmpadas fluorescentes. A terceira é baseada em reportagem da edição 163, que enfoca as pesquisas sobre o etanol de segunda geração. A formulação de uma prova basea-da numa única publicação não tem precedentes em vestibulares, de acordo com Carlos Alberto Ciscato, coordenador de química do curso pré-vestibular Intergraus, de São Paulo. Segundo ele, a iniciativa se enquadra numa tendência de contextualizar as questões. “Nenhuma prova deixa mais as questões soltas e uma forma de contextualizá-las é usar textos da imprensa ou de livros”, afirma ele. Segundo Renato Pedrosa, coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest), a ideia partiu da banca de professores que formulou o exame. “Normalmente não fazemos isso”, afirma Pedrosa. “Mas Pesquisa FAPESP é uma boa revista de divulgação científica, é da FAPESP, que é do estado de São Paulo e não tem fins lucrativos. Esperamos que, com esse gesto, os jovens conheçam a revista.” Ele explica que essa deve ter sido a primeira e a última vez que uma prova da Unicamp se baseou numa única fonte. Afinal, a universidade não pode dar pistas de onde vai retirar as ideias para suas provas.
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