Aplicada logo após o nascimento, a vacina BCG reduz em crianças e em adultos o risco de contrair tuberculose. Mas a administração de uma segunda dose – recomendada pelo Ministério da Saúde desde 1994 e adotada por estados como Minas e Rio de Janeiro – não aumenta a proteção: o benefício da dose de reforço é tão sutil que sua aplicação não se justifica, do ponto de vista da saúde pública, de acordo com um estudo publicado na Lancet. Coordenado por Mauricio Lima Barreto, da Universidade Federal da Bahia, é um dos maiores ensaios clínicos já realizados no mundo, com cerca de 300 mil crianças e adolescentes de Salvador e em Manaus. Entre 1996 e 1998, a equipe de Barreto aplicou uma segunda dose da vacina em 103.718 alunos. Outros 97.087 não receberam o reforço. A equipe de Barreto acompanhou os dois grupos por cinco anos. A cada ano, em média 29 pessoas em cada grupo de 100 mil que tomaram a vacina tiveram tuberculose; já entre as crianças não-vacinadas a taxa foi de 30 por 100 mil ao ano. A segunda dose mostrou-se desnecessária também porque a primeira protege por até 20 anos, o dobro do tempo que se imaginava.
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