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Boas práticas

Reitor de Stanford renuncia após investigação de manipulação de imagens

O neurocientista canadense-americano Marc Tessier-Lavigne, de 63 anos, renunciou ao cargo de reitor da Universidade Stanford, que ocupava desde 2016. O anúncio seguiu-se à divulgação de um relatório de um comitê especial do Conselho de Curadores da instituição, que avaliou artigos com indícios de má conduta que tinham o reitor como um dos autores – em cinco deles, ele era o autor principal. Segundo o comitê, foram encontradas evidências de que em ao menos quatro artigos pesquisadores sob a supervisão do neurocientista manipularam imagens e se envolveram em práticas questionáveis.

Embora não existam indícios de que Tessier-Lavigne tenha envolvimento direto na manipulação ou mesmo que soubesse dos problemas antes da publicação dos artigos, o relatório observou que ele “não foi capaz de fornecer uma explicação adequada” sobre por que não corrigiu os registros científicos em várias ocasiões em que teve oportunidade de fazê-lo.

O reitor publicou um comunicado afirmando que pediria a retratação de um artigo publicado em 1999 na revista Cell e de outros dois divulgados na Science em 2001. Dois artigos publicados na Nature, segundo ele, passarão por uma correção abrangente. “Estou satisfeito pelo fato de o painel ter concluído que não participei de nenhuma fraude ou falsificação de dados científicos”, afirmou o reitor de Stanford, que, no entanto, reconheceu erros. “Eu deveria ter sido mais diligente ao buscar correções. A revisão do painel identificou instâncias de manipulação de dados de pesquisa por outras pessoas em meu laboratório. Embora eu não soubesse dessas questões, quero deixar claro que assumo a responsabilidade.”

Jerry Yang, presidente do Conselho de Administração de Stanford, afirmou que Tessier-Lavigne deixará o cargo “à luz do relatório e seu impacto em sua capacidade de liderar Stanford”. As evidências contra o reitor foram apontadas inicialmente no PubPeer, um fórum on-line em que é possível publicar comentários sobre artigos científicos, inclusive de forma anônima, e dizem respeito à adulteração ou duplicação de bandas em resultados de testes de western blot, método usado na biologia molecular para identificar proteínas.

Após a renúncia, Tassier-Lavigne seguirá trabalhando como docente do Departamento de Biologia. Especialista em desenvolvimento do cérebro, suas linhas de pesquisa se concentram em causas e tratamentos de doenças como Parkinson e Alzheimer e de lesões da medula espinhal. Ele começou a carreira na Universidade da Califórnia, em São Francisco, em 1991, e se transferiu para Stanford em 2001. Em 2003, tornou-se diretor científico da empresa de biotecnologia Genentech, deixando o cargo em 2011 para assumir a direção da Universidade Rockefeller, em Nova York.

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