Um juiz de um tribunal distrital dos Estados Unidos rejeitou as alegações de difamação apresentadas por Francesca Gino, da Escola de Negócios de Harvard, em um processo movido por ela contra o site de investigação de dados Data Colada, que apontou evidências de manipulação de dados em diversos trabalhos científicos assinados pela pesquisadora, e contra a própria Universidade Harvard, que a colocou em licença administrativa não remunerada. Gino pedia indenização de US$ 25 milhões afirmando que o site e a universidade haviam destruído sua carreira e reputação.
Segundo o juiz Myong J. Joun, Gino não conseguiu comprovar de modo plausível que a universidade a difamou, violou sua privacidade ou interferiu ilegalmente em sua relação com revistas científicas, como ela afirmava. Ainda assim, o magistrado permitiu que o processo prosseguisse em relação à alegação de que Harvard cometeu quebra de contrato ao submeter a pesquisadora a medidas disciplinares que contrariam o previsto no regime de estabilidade de que ela desfrutava. “Seria prematuro da minha parte rejeitar suas alegações sobre esse assunto. Ela foi destituída de qualquer capacidade de ser professora por pelo menos esses dois anos, sem saber se será reintegrada depois”, escreveu Joun, de acordo com o jornal The Harvard Crimson.
O juiz também rejeitou as alegações contra os pesquisadores Uri Simonsohn, Leif Nelson e Joseph Simmons, que em 2023 divulgaram no site Data Colada um conjunto de evidências de fraude e manipulação em dados de artigos publicados por Gino ao longo de uma década. Quatro papers assinados por ela já foram retratados.
Cientista comportamental de renome e autora de estudos sobre honestidade, Francesca Gino foi alvo de uma investigação interna em Harvard. Um relatório sobre o caso divulgado em junho de 2023 concluiu que ela “cometeu má conduta em pesquisa intencionalmente, conscientemente ou imprudentemente” e recomendou que a universidade iniciasse procedimentos para sua demissão.
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