O ano de 2003 ainda não acabou, mas já está marcado pela grande polêmica sobre os organismos geneticamente modificados, os transgênicos. Este é também o ano em que se completaram 30 anosdo início da engenharia genética e 20 anos da primeira experiência com planta utilizando técnicas de biotecnologia. Em 1972, os geneticistas norte-americanos Stanley Cohen e Herbert Boyer desenvolveram a tecnologia de DNA recombinante, uma metodologia para unir artificialmente partes de DNA (ácido desoxirribonucléico) que não se encontram juntos na natureza. Foi essa técnica que possibilitou transferir genes de uma espécie para outra.
Um ano depois, pesquisadores das universidades da Califórnia e de Stanford isolaram um gene de um sapo do gênero Xenopus e o inseriram no DNA da bactéria Escherichia colli. O resultado foi o esperado: a bactéria passou a produzir uma proteína específica que existia no sapo. Em 1983, houve mais um avanço significativo para a ciência, que viria a causar uma revolução na agricultura. Uma equipe da Universidade de Washington em Saint Louis, Estados Unidos, liderada por Mary-Dell Chilton, apresentou em um congresso em Miami os resultados da primeira manipulação genética bem-sucedida em plantas. Os pesquisadores incorporaram um gene da bactéria Agrobacterium tumefaciens a uma espécie comum de tabaco (Nicotiana plumbaginifolia) com técnicas de biotecnologia e deixaram a planta resistente ao antibiótico kanamicina.
Curiosamente, outros dois grupos apresentaram trabalhos semelhantes na mesma conferência. Jeff Schell e Marc van Montagu, da Rijksuniversiteit en Ghente, instituição da Bélgica, também trabalharam com tabaco. Ernest Jaworski, Robert Fraley, Stephen Rogers e Robert Horsch, da empresa Monsanto, nos Estados Unidos, utilizaram a petúnia. As técnicas de manipulação e as norma de biossegurançase tornaram mais desenvolvidas e em 1994 começou a ser comercializado no mercado norte-americano o primeiro alimento geneticamente modificado, o tomate FlavrSavr, mais resistente ao transporte, maior e mais saboroso.
Atualmente, há plantas resistentes a herbicidas, inseticidas e insetos. A estimativa em 2002, era de que 45% da soja, 11% do milho e 20% do algodão produzidos no mundo já fossem geneticamente modificados, tal o avanço da biotecnologia no mundo – só nos Estados Unidos, em 2003, 38% do milho, 80% da soja e 70% do algodão plantados no país são transgênicos.
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