eduardo cesarEm um artigo de opinião publicado na revista Cell Metabolism, o canadense Daniel Drucker enumerou cinco sugestões para ajudar a pesquisa biomédica a superar o que ele definiu como a “crise de reprodutibilidade na pesquisa translacional”, entendida como o abismo entre a esperança criada por testes pré-clínicos que sugerem a viabilidade de novas terapias e medicamentos e o posterior fracasso em convertê-los em conquistas concretas. Drucker, professor do Instituto de Pesquisa Lunenfeld-Tanenbaum do Hospital Monte Sinai, em Toronto, Canadá, conhecido por ter ajudado a desenvolver novos tratamentos contra o diabetes e contra uma doença conhecida como síndrome de intestino curto, sugere em primeiro lugar que se utilizem nos testes pré-clínicos as regras adotadas nos testes clínicos. Ele lembra que, nesses últimos, é proibido omitir resultados desfavoráveis e publicar apenas os positivos. Já nos testes pré-clínicos, é comum realizar uma grande quantidade de experimentos de ciência básica em animais e divulgar apenas aqueles que deram certo.
“A maioria dos resultados negativos, contraditórios ou divergentes não é relatada”, escreveu Drucker, que propõe a apresentação desses resultados de testes de forma organizada, no momento em que o artigo é submetido a uma revista. “A transparência pode enquadrar os resultados promissores em um contexto mais amplo e realista.” O pesquisador também sugere que experimentos sejam feitos em diversos modelos animais antes de serem considerados em testes com células e tecidos humanos. Segundo ele, essa estratégia tornaria a pesquisa mais lenta, mas diminuiria a possibilidade de um achado animador revelar-se uma falsa esperança.
As demais recomendações têm caráter mais genérico. Uma delas é organizar painéis de discussão sobre os problemas relacionados à reprodutibilidade de pesquisas em congressos médicos e científicos, que mostrem as experiências recentes de cientistas, agências de financiamento e editores de revistas. “Os problemas mais comuns poderiam ser destacados e novas soluções, propostas”, afirmou Drucker no artigo.
Outra sugestão é exigir que líderes de pesquisa apresentem, nos pedidos de subvenção submetidos a agências, os trabalhos mais citados que já publicaram e deem exemplos de como seus principais resultados foram validados em outros trabalhos. Por fim, Drucker sustenta que pesquisadores deveriam fornecer mais detalhes sobre os experimentos no momento de publicá-los, descrevendo os reagentes e informando sua origem, assim como as linhagens de células e os modelos animais utilizados. Isso facilitaria o trabalho de quem buscasse reproduzir os resultados.
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