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Tecnociência

Rotas de contaminação

US Air Force PELOS ARES: PRAGAS E DOENÇAS PEGAM CARONA EM VÔOS COMERCIAISUS Air Force

Desde que partiu da África para o resto do mundo entre 85 mil e 60 mil anos atrás, o ser humano levou consigo mais do que sua carga genética e sua cultura. Carregou também bactérias e outros seres vivos, provocando uma lenta e gradual introdução de diversas espécies em outros continentes. Já foi assim, mas recentemente tudo mudou com os avanços tecnológicos, que levam as pessoas cada vez mais longe em menos tempo. No mundo atual, interligado por uma complexa rede de aviação destinada ao transporte de passageiros e de carga, aumentou muito o risco de contaminação dos ambientes com espécies consideradas exóticas. Preocupados com esse problema, Andrew Tatem, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e Simon Hay, do Centro de Medicina Geográfica, em Nairóbi, no Quênia, resolveram levantar, mês a mês, as informações sobre as 44.285 rotas aéreas existentes e o clima de 3.364 aeroportos no período entre 1º de maio de 2005 e 30 de abril de 2006. Cruzando os dados, os pesquisadores mapearam os aeroportos ligados por pelo menos uma rota aérea que apresentavam clima mais parecido em cada mês do ano. Assim, identificaram as rotas e as regiões mais suscetíveis à contaminação em um determinado período. Os resultados mostram que em junho e julho é maior o risco de contaminações. É verão no hemisfério Norte, clima ideal para a propagação de diversas pragas, e há um aumento no número de vôos por causa das férias. Esse período também é o de maior equivalência climática entre os aeroportos. Publicado nos Proceedings of the Royal Society, o estudo pode orientar a adoção de medidas que impeçam a propagação de pragas agrícolas e de doenças tropicais, que podem se tornar mais comuns com o aumento da temperatura no planeta.

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