Este ano as cigarras invadiram algumas cidades dos Estados Unidos. É um espetáculo que ocorre a cada 13 anos, no caso da Magicicada tredecim, e a cada 17 anos, no da Magicicada septendecim, duas espécies cujos ciclos de vida são os mais longos entre todos os insetos. A duração desses ciclos, 13 e 17 anos, são números primos, divisíveis apenas por um e por eles próprios.
“Esse tipo de ciclo é uma conseqüência da evolução”, diz o físico Paulo Campos, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Campos é o autor principal de um estudo publicado na Physical Review Letters que usou modelos matemáticos para investigar se haveria uma relação entre a evolução e o fato de a duração do ciclo ser um número primo. “Provavelmente por mutações, algumas espécies de cigarras desenvolveram períodos de incubação mais longos e assim escaparam da ação dos predadores”, diz.
Estudos anteriores supunham que o ciclo de vida coincidente com anos primos favoreceria às cigarras escaparem de seus predadores, com ciclos de reprodução distintos. Em parceria com físicos da Unicamp, Campos verificou que esse ciclo em anos primos prevalece mesmo que coincida com o de um predador que se alimente desses insetos. Segundo o estudo, talvez seja a abundância de cigarras que permita a sobrevivência dessas duas espécies.
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