Resíduos formados por cascas de frutas em indústrias de sucos, polpas e doces são, em grande parte das vezes, um problema que esconde surpresas, como é o caso do bacuri (Platonia insignis), um fruto da região amazônica. Indústrias de pequeno porte ou familiares jogam no lixo as cascas desse pequeno fruto rico em uma substância chamada moreloflavona. “Esse flavonoide possui ação antioxidante e anti- -inflamatória conforme demonstrado por testes enzimáticos in vitro”, diz Maria Luiza Zeraik, professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ela participou do estudo quando fez estágio de pós-doutorado no Departamento de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara, integrante do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP, sob a supervisão da professora Vanderlan Bolzani. “O projeto sobre frutos endêmicos do Brasil vem revelando uma riqueza molecular incrível. No caso do bacuri, o que mais me impressionou foi constatar que a casca contém a moreloflavona, o que não é comum”, diz Vanderlan. “Cinco miligramas dessa substância custam em torno de US$ 60”, diz Maria Luiza. Ela diz que o processo de extração desse flavonoide das cascas é simples e rápido, podendo ser facilmente reproduzido em escala industrial. “Acredito que a pesquisa possa chamar a atenção de empresas para o aproveitamento das cascas de bacuri com o objetivo de desenvolver um antioxidante natural para cosméticos”, diz Vanderlan.
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