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Boas práticas

Sem transparência

Estudo revela que multinacional do tabaco escamoteou financiamento a pesquisadores japoneses

Um artigo publicado na revista Nicotine & Tobacco Research revelou que a filial japonesa da multinacional do tabaco Phillip Morris financiou secretamente pesquisadores da Universidade de Kioto que faziam um estudo epidemiológico sobre a prevalência, adesão e utilidade de métodos para auxiliar os japoneses a parar de fumar. De acordo com documentos da empresa vazados, datados de 2012 a 2020 e disponibilizados no Truth Tobacco Archive, um repositório da Universidade da Califórnia em São Francisco, a Philip Morris tinha interesse nesse tipo de pesquisa e chegou a participar do desenho do estudo, embora o nome da empresa não apareça no projeto – o financiamento foi feito por intermédio de uma organização independente.

Os documentos também indicam que a multinacional financiou uma empresa de consultoria pertencente a um pesquisador da Universidade de Tóquio para que ela interagisse com especialistas, estabelecendo redes de relacionamento profissional, e promovesse produtos da empresa em eventos acadêmicos no Japão. O pagamento pela consultoria custou à Philip Morris o equivalente a R$ 140 mil mensais e durou de 2014 a 2019. O estudo foi publicado pelo grupo de pesquisa sobre controle do tabaco da Universidade de Bath, no Reino Unido. Sophie Braznell, uma das autoras do artigo, disse, segundo o serviço de notícias Eurekalert, que a empresa tem manobrado de forma pouco transparente para exercer influência sobre políticas públicas e resultados de pesquisas a fim de criar um ambiente favorável a seus produtos. “Devemos reformular urgentemente as formas como a pesquisa sobre o tabaco é financiada e também sobre sua governança, para proteger a ciência dos interesses empresariais e garantir que o público e as autoridades tenham acesso a resultados científicos verdadeiramente transparentes e independentes”, afirmou.

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