O risco de câncer de mama ou ovário aumenta muito quando uma mutação inativa o gene BRCA2, responsável por fazer reparos no material genético das células. Uma colaboração entre o pesquisador britânico Alan Ashworth e o patologista brasileiro Jorge Reis-Filho, ambos do Centro Breakthrough de Pesquisa em Câncer de Mama, em Londres, demonstrou que uma outra alteração nesse mesmo gene torna o tumor resistente aos medicamentos usados para combatê-lo, como a carboplatina e os inibidores de PARP. A carboplatina causa uma segunda mutação no BRCA2, tornando-o novamente ativo. O gene passa a consertar os danos causados naturalmente no material genético e aqueles provocados pela quimioterapia. “É irônico que o mesmo mecanismo que causa sensibilidade à medicação também provoque a resistência ao tratamento”, comenta Reis-Filho, que publicou a descoberta em fevereiro na Nature. Reis-Filho e Ashworth identificaram esses efeitos primeiro em cultura de células em laboratório e depois em tecido extraído de portadoras de câncer ovariano. O achado pode abrir o caminho para vencer a resistência desses tumores aos medicamentos e ajudar a prever qual tratamento será mais eficaz para cada paciente.
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