Um levantamento feito com o apoio de cinco sociedades científicas norte-americanas da área de biologia mostrou que comportamentos ofensivos, intimidadores e hostis no ambiente de trabalho afetam 40% dos biólogos que se declaram transgênero ou que não se identificam com os padrões do gênero atribuídos socialmente. O mesmo acontece com quase um em cada cinco biólogos entrevistados que se definem como lésbicas, gays, bissexuais ou queer.
Outra conclusão é que biólogos trans relatam ter menos senso de pertencimento e conforto em ambientes profissionais e locais de trabalho do que seus colegas cisgênero, ou seja, pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao sexo que lhe foi atribuído no nascimento – isso vale tanto para heterossexuais como para lésbicas, gays, bissexuais cisgênero. De modo geral, os biólogos LGBT+ classificaram seus ambientes profissionais como moderadamente inclusivos.
A pesquisa, coordenada por Katelyn Cooper, especialista em ensino de biologia na Universidade do Estado do Arizona em Tempe, foi realizada por e-mail e redes sociais em 2023 com a ajuda da Sociedade Americana de Biologia Celular, da Sociedade de Biofísica, da Sociedade de Genética da América, da Sociedade Internacional de Pesquisa em Células-tronco e da Sociedade para o Avanço da Pesquisa em Educação de Biologia, e entrevistou 1.419 biólogos, um terço deles declarados LGBT+. Os resultados foram divulgados no repositório de preprints bioRxiv, ainda sem revisão por pares.
O estudo registrou um crescimento acentuado em relação a uma pesquisa feita em 2019 e também coordenada por Cooper na proporção de biólogos LGBT+ que assumiram sua orientação sexual para seus alunos de graduação – o aumento foi de 20% para 76% de um levantamento para o outro. A microbiologista Maeve McLaughlin, pesquisadora da Universidade de Michigan, em Flint, que é uma mulher trans, disse que falar abertamente sobre questões das pessoas LGBT+ é importante para manter um diálogo com os estudantes. “Tenho muitos alunos trans ou não conformes de gênero que se sentem mais confortáveis para fazer perguntas”, disse à revista Nature.
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