O neurocientista Sylvain Lesné, acusado de manipular imagens em um celebrado artigo que sugeria uma possível causa da doença de Alzheimer, renunciou ao cargo de professor da Universidade de Minnesota, Twin Cities (Minneapolis e Saint Paul), nos Estados Unidos. Publicado em 2006 na revista Nature, o artigo indicava uma relação de causa e efeito entre uma proteína que se acumula no cérebro e a perda de memória em ratos e parecia ter encontrado um alvo para o desenvolvimento de fármacos contra a doença de Alzheimer. Sua repercussão foi grande: recebeu mais de 2,5 mil citações em outros artigos. Mas não resultou até hoje em tratamentos contra a doença. Lesné foi o responsável por coletar imagens de testes western blot, havia método usado para identificar proteínas – mas se descobriu em 2021 que elas haviam sido adulteradas digitalmente. No ano passado, o artigo sofreu retratação depois que sua autora principal, a neurocientista Karen Ashe, também da Universidade de Minnesota, Twin Cities, e supervisora de pós-doutorado de Lesné na época em que o estudo foi feito, reconheceu que as imagens foram manipuladas, embora ainda sustente que o problema não afeta as conclusões do paper (ver Pesquisa FAPESP nº 341). Uma investigação sobre a produção científica de Lesné feita pela Universidade de Minnesota durou dois anos e meio e encontrou problemas também em outros artigos assinados pelo pesquisador – a instituição pediu a retratação de mais quatro trabalhos publicados em diferentes periódicos entre 2011 e 2017, que juntos receberam mais de 600 citações.
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Situação insustentável
Neurocientista acusado de manipular imagens em artigo sobre Alzheimer renuncia a cargo em universidade