Os neurônios, as células que armazenam e transmitem informações no cérebro, apresentam mais conexões e trocam mais informações entre si em uma doença genética rara que afeta quase exclusivamente os bebês do sexo masculino: a síndrome da duplicação do MECP2. Além de essas células se comunicarem mais, a troca de informações entre elas ocorre de um modo anormalmente sincronizado, verificou a equipe do biólogo brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego. Causada pela duplicação do gene MECP2, essa síndrome provoca um retardo severo no neurodesenvolvimento. Os meninos com uma cópia extra do gene apresentam dificuldade de fala e de controle dos movimentos, além de traços de autismo. Muotri e seus colaboradores usaram uma estratégia inovadora para investigar como as células cerebrais dessas crianças funcionam. Eles retiraram células da pele de três garotos com a síndrome e, em laboratório, as fizeram regredir a um estágio mais versátil, no qual podem originar células de diferentes tecidos. Depois, estimularam-nas a se transformarem em neurônios. Cultivadas em uma matriz tridimensional, as células originaram estruturas com diferentes camadas celulares, semelhantes a cérebros microscópicos. Os neurônios desses minicérebros tinham mais ramificações e se comunicavam mais do que os obtidos a partir de células da pele de pessoas sem a síndrome. Testes com 43 compostos mostraram que um deles reverteu as alterações estruturais e funcionais das células (Molecular Psychiatry, setembro).
Republicar